quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Orçamento de Estado de 2012

"É perfeitamente absurdo cortar-se na cultura quando a cultura neste país é um eterno corte. Nunca, a bem dizer, houve um orçamento minimamnete razoável para a cultura e é agora que querem cortar mais? Mas cortar o quê? Deixar de haver teatro? Deixar de haver cinema? Fechar os museus, não se apoiar os livros?" João Lourenço, director artístico do Teatro Aberto em Lisboa.




Todos nós andamos atentos aos cortes que aí vêm. O OE para 2012 é, como já foi dito, o mais duro de que há memória. Penso que faz sentido que assim seja. Os tempos que vivemos são realmente muito complicados não só para os portugueses, mas também para todos os cidadãos da União Europeia. A questão agora é saber o que fazer para sairmos desta situação. Cortes. Eis a palavra mais ouvida nos últimos dias. Mas em quê?


Pensando em particular nos cortes cultura, penso que estes podem ajudar, e muito, na poupança. O secretário de Estado da Cultura, Francisco José Viegas falava numa poupança de 2,6 milhões de euros. Portugal precisa neste momento de poupar muito mais para conseguir cumprir os seus compromissos.


Nós temos o direito à cultura. É verdade. Mas que cultura é esta a que temos direito? Será apenas o direito de poder ir a museus sem ter de os pagar? Será termos o direito de ter sempre teatros e cinemas abertos e com as últimas peças disponíveis?


Cada vez olhamos mais para os direitos sem nos lembrarmos dos deveres que temos perante eles. Também nós temos o dever de fazer cultura. Enquanto cidadãos temos uma responsabilidade, não só de aceitar os direitos, mas de fazer por merecê-los. A pergunta agora é: "Como fazer cultura?". A meu ver, tal pode ser feito organizando pequenos grupos de teatro, bandas de garagem, recolhas de livros, palestras, etc... Estas pequenas coisas podem vir a ser uma grande ajuda para que a cultura, a nossa cultura, não seja posta em risco.


Também nós podemos ajudar a superar as dificuldades, especialmente na cultura, geradas por estes cortes que estão para vir!




Inês Ferrari Careto

1 comentário:

  1. A verdade é que há uma enorme dificuldade para nós, cidadãos, cumprirmos os nossos deveres no que diz respeito à cultura. Na área da música, especificamente, os apoios dados pelo Estado são insuficientes. Pela minha experiência na Formação Musical, hoje consigo olhar para estes problemas fazendo parte deles mesmo. E, por isso, ponho as seguintes questões:

    - Se o Estado precisa de fazer cortes para "salvar" a situação nacional, pode este exigir dos cidadãos um comportamento "sem cortes"?

    - Será que os cortes no direito à cultura não influenciam também a prática dos deveres?

    A verdade é que hoje em dia ou funcionamos todos em união, "remando no mesmo sentido", ou então os resultados não são positivos. O Estado não pode exigir aos cidadãos os seus deveres se não cumprir os seus, tal como os cidadãos não podem exigir do Estado um comportamento que os próprios não conseguem executar. A Cultura tem de ser conservada e isso deve ser com base num projecto nacional conjunto, não sendo garantido apenas por parte dos cidadãos. As Escolas de Música, por exemplo, ao longo dos últimos três anos têm sofrido grandes mudanças exigidas pelo Estado que condicionaram a aprendizagem de vários alunos (muitos deles já a meio dos seus cursos). Esses alunos foram "obrigados" pelo Estado a desistir da sua formação artística. Novas leis vieram proibir alunos que frequentassem o Ensino Universitário, noutras áreas, de prosseguir os estudos musicais. Medidas como estas não são reais obstáculos ao dever de assegurar a cultura? Assim explico o porquê da minha pequena relutância ao argumento dado pela minha colega, Inês Ferrari Careto, sobre o dever dos cidadãos.


    Margarida Ferraz de Oliveira, nº140110067

    ResponderEliminar